Resumos apresentados na finalização da disciplina (DEZ/2006)

 

MACROECOLOGIA ALIMENTAR DE PEIXES TERRITORIAIS: GÊNERO STEGASTES

BARNECHE, D. R.1; FRENSEL, D. M. B.1, DINSLAKEN, D. F.1; LEOPOLDO, B. F.2; CECARELLI, D.3; FERREIRA, C. E. L.4; FLOETER, S. R1.

  1. Lab. de Biogeografia e Macroecologia Marinha, Depto. de Ecologia e Zoologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, Brasil, 88010-970.
  2. Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, Brasil, 31270-901.
  3. Centre for Coral Reef Biodiversity, School of Marine Biology and Aquaculture, James Cook University, Townsville-Queensland, Australia, 4811.
  4. Lab. de Ecologia e Conservação de Ambientes Recifais, Depto. de Biologia Marinha, Universidade Federal Fluminense, Niterói-RJ, Brasil, 24001-970.

Email: diego.barneche@gmail.com

Palavras-chave: Peixes-donzela, Macroecologia, herbivoria, forrageamento.

Peixes recifais herbívoros são fundamentais na estruturação das comunidades nos complexos ecossistemas aos quais pertencem. Os peixes-donzela (Pomacentridae: Teleostei) estão entre os principais herbívoros territoriais de recifes rochosos e de corais de todo o mundo. O gênero Stegastes é o mais representativo em termos de abundância e contém aproximadamente 33 espécies. O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise macroecológica de vários atributos relevantes para a biologia alimentar das espécies estudadas. Uma base de dados foi compilada (a partir de dados dos autores e da literatura) contendo taxa média de forrageamento (TF), taxa média de encontros agonísticos, tamanho corpóreo máximo (descrito na literatura) e médio das espécies, tamanho médio de território e temperatura média da água referentes aos locais de estudo de sete espécies de Stegastes distribuídas em diferentes regiões do mundo: S. adustus, S. apicalis, S. fuscus, S. imbricatus, S. lividus, S. nigricans e S. planifrons. Os seguintes resultados foram encontrados: 1) TF foi forte e positivamente correlacionada com a temperatura média da água; 2) existe correlação negativa entre TF e tamanho corpóreo médio; 3) encontrou-se uma tendência de correlação negativa entre TF e taxa média de encontros agonísticos; 4) há uma tendência de correlação negativa entre tamanho corpóreo médio e a temperatura média da água; 5) nenhuma correlação entre: a) TF e tamanho corpóreo máximo; b) TF e tamanho médio de território. A presente pesquisa confirmou alguns padrões macroecológicos esperados e demonstra a relevância dessa linha de estudo, assim como chama a atenção para a necessidade de maior coleta de dados desse tipo.

Fontes financiadoras: Funpesquisa UFSC, IEAPM, National Geographic Society.

 

ESTRUTURA POPULACIONAL E ASPECTOS DA BIOLOGIA REPRODUTIVA DE Hollandichthys multifasciatus (CHARACIDAE) NO TRECHO INFERIOR DO RIACHO CACHOEIRA GRANDE, PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERI, FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA.

ABBUD, F. M.; MARQUES, R. S.

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas

feabbud@yahoo.com.br; roona@floripa.com.br

 

Palavras-chave: reprodução, riacho, Characidae

O Lambari-listrado Hollandichthys multifasciatus, é uma espécie rara intimamente associada a ambientes de floresta e pouco se sabe sobre a sua biologia. Registros recentes foram realizados na Ilha de Santa Catarina graças ao crescente interesse no estudo da ictiofauna de riachos costeiros. Este estudo teve como objetivo avaliar a estrutura da população de H. multifasciatus no trecho inferior de um riacho de encosta atlântica no mês de outubro (2006), buscando obter informações acerca da reprodução e ciclo de vida da mesma. Os exemplares foram capturados com tarrafa de malha de 15 mm entrenós e com covo plástico utilizando-se pão como isca. Os indivíduos foram fixados em formalina 10% e, após cerca de 48 horas, transferidos para álcool 70%. No laboratório, foram obtidas as medidas de comprimento (total e padrão) e, através da análise macroscópica das gônadas, foi identificado o sexo e o estádio de maturação gonadal dos indivíduos, sendo também registrada a proporção entre o volume da gônada e o volume total da cavidade abdominal de cada peixe. Os 30 exemplares analisados apresentaram gônadas maduras, indicando que a espécie se encontrava em período reprodutivo. Na maior parte dos machos as gônadas ocupavam de 25 a 50 % do volume total da cavidade abdominal, enquanto que nas fêmeas, a maioria ocupava de 75 a 100 %. Foi obtida uma proporção de 4 machos para 1 fêmea. A predominância de um dos sexos pode estar relacionada a diferenças de comportamento reprodutivo entre machos e fêmeas, associado à seletividade dos apetrechos de captura. A ausência de fases juvenis indica que este pode ser um trecho de alimentação ou trânsito. Tendo em vista que o conhecimento básico acerca da espécie H. multifasciatus ainda é muito incipiente, torna-se importante um estudo anual, com amostragem espacialmente ampla, para a obtenção de dados significativos sobre a estrutura populacional da espécie.

 

A EVOLUÇÃO DOS MODOS REPRODUTIVOS NA CLASSE CHONDRICHTHYES

LOPES, R. G. (adaptado de Marcelo Rodrigues de Carvalho)

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas

rgarcialopes@yahoo.com.br

Palavras-chave: Reprodução, Condrichthyes, Filogenia.

A classe Condrichthyes é atualmente composta por cerca de 1050 espécies viventes de tubarões, raias e quimeras. Cerca de 96% das espécies vivem no ambiente marinho e o restante retstrita à ambientes dulcícolas. Essa classe forma um grupo monofilético e com um registro fóssil extenso. A evolução das estratégias reprodutivas na classe Chondrichtyes pode ser compreendida através dos estudos filogenéticos de dois grandes grupos: Galeomorphi e Squalomorphi. Através de estudos de cladística, foi constatado que tanto a viviparidade como a oviparidade poderiam ser os modos mais basais de reprodução, já que ambos se apresentaram igualmente parcimoniosos. Contudo, após a inclusão de táxons fósseis no cladograma, tornou-se evidente que a viviparidade deveria ser a estratégia ancestral, o que explicaria o grande sucesso da classe Condrichthyes. Essas duas formas de reprodução não podem ser consideradas as mais “evoluídas” do que as outras, pois a diversidade de organismos basais ou derivados que usam ambas é muito grande.

 

ANÁLISE PRELIMINAR DA COMUNIDADE ÍCTICA DE UM RIACHO TRIBUTÁRIO DA LAGOA DA CONCEIÇÃO, FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA

HENNEMANN, Mariana C.; DALL’AGNOLO, Denis; MATTOS, Jacó J.

*Disciplina de Ictiologia, Departamento de Ecologia e Zoologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário, s/n, Trindade - Florianópolis - SC - Brasil - CEP 88040-900

Palavras chave: Lagoa da Conceição, comunidade íctica, parâmetros físico-químicos, Poecilia vivipara, Phalloceros caudimaculatus.

A Lagoa da Conceição é um ambiente estuarino frágil e importante da Ilha de Santa Catarina, que nas últimas décadas tem sofrido com urbanização intensa e desorganizada, prejudicando, sobretudo, os organismos aquáticos. Estudos sobre a biodiversidade de peixes nas bacias hidrográficas brasileiras ainda são escassos,  tornando fundamental estudos dos organismos desses ambientes. O objetivo deste trabalho foi analisar, em três pontos distintos, a comunidade íctica de um riacho da Lagoa e relacionar os dados obtidos com parâmetros físico-químicos da água (temperatura, pH, oxigenação, salinidade). Um dos pontos de coleta encontra-se na desembocadura do córrego na Lagoa, tendo influência direta da urbanização da Av. das Rendeiras; os outros dois localizam-se entre as dunas, com residências nas proximidades. Os peixes foram coletados com auxílio de armadilha tipo covo (diâmetro 0,2m) em um esforço amostral igual a dois durante 15 minutos. Uma rede de arrasto (3,0x1,5m) também foi utilizada em cada ponto. Os parâmetros físico-químicos foram mensurados antes de iniciar a coleta dos peixes com auxílio de oxímetro/termômetro HACH, refratômetro e fitas de pH. Os resultados mostraram uma menor quantidade de oxigênio dissolvido e maior temperatura no último ponto enquanto a maior riqueza de Margalef (0,59) e diversidade de Shannon de peixes (0,94) foram encontradas no primeiro ponto de coleta. A maior diversidade encontrada no ponto 1 pode estar relacionado ao aporte de matéria orgânica provindo da montante do rio, à profundidade do local (1m) e às características abióticas (oxigênio e temperatura) mais favoráveis.  Os pontos 2 e 3 ainda apresentaram uma pequena profundidade com fundo lodoso, em torno de 0,4m, muitas macrófitas aquáticas, predominando a planta Eichornia sp. e os peixes Poecilia vivipara e Phalloceros caudimaculatus. Esse padrão possivelmente está relacionado à tolerância dessas espécies à baixa oxigenação, elevada temperatura da água e ao hábito de se alimentarem na superfície, onde havia maior disponibilidade de alimento.

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